O
recente incêndio “acidental” em um depósito de carga do Aeroporto Internacional
do Galeão (o Aeroporto Tom Jobim da grande mídia), no Rio de Janeiro (RJ), fez
com que eu recordasse de um tema sobre o qual há muito queria escrever e que,
como bom Brasileiro, fui adiando: A temporada de incêndios. E que considerei
bastante oportuno para iniciar a nova fase do Blogue O Velho Rabugento.
Certamente,
os meus leitores já ouviram falar em estação de determinadas frutas, em
temporada de caça, de pesca, etc., mas, “temporada de incêndios” deve ser
novidade para a maioria.
E
o que vem a ser tal temporada, que eu afirmo ter sido aberta nos últimos meses?
Simples
de explicar. Todas as vezes que empresas públicas ou privadas vão ter
substituição nos seus quadros de administração, então, algumas – ou muitas... –
infelizmente, incendeiam-se. Evidentemente, nunca ninguém é responsabilizado,
afinal se trata de um acidente, em geral curtos circuitos, segundo as
Autoridades encarregadas de investigar a causa dos sinistros.
Vou
dar uns POUCOS exemplos:
Em
Julho de 1969, as instalações da TV Globo em São Paulo perderam-se
completamente num incêndio de grandes proporções. Não fosse o concurso do
Governo Militar, só o seguro não seria suficiente para salvar a Empresa. Aliás,
a Globo é recordista de incêndios: 1971, 1976 e outros que não me lembro.
Sempre socorrida financeiramente pelos Governos. O mais recente, o de Novembro
de 2022, que atingiu o famigerado Projac, não tenho a menor dúvida que também
receberá vastos recursos financeiros do atual Governo...
No
ano de 1973, o importantíssimo Departamento Nacional de Produção Mineral, teve
metade de suas instalações na Av. Pasteur (Rio de Janeiro – RJ) completamente
destruídas, com perda IRREPARÁVEL de farta documentão sobre as nossas riquezas
minerais.
O
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ardeu inteiramente em 1978.
Na
passagem do desgoverno FHC para o primeiro do Lula, dois Arquivos Mortos da
Caixa Econômica pegaram fogo, um em Campinas e outro no Rio de Janeiro, com
apenas duas semanas de diferença entre eles.
Em
São Paulo, os incêndios se sucedem:
-
2008: Teatro de Cultura Artística.
-
2010: Instituto Butantã.
-
2012: Arquivo Público do Estado de São Paulo.
-
2013: Memorial da América Latina.
-
2014: Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
-
2015: Museu da Língua Portuguesa.
-
2016 – Cinemateca Brasileira.
Mas,
não fiquemos apenas em São Paulo. No Rio de Janeiro, em 2011, a tradicional Capela
de São Pedro de Alcântara pegou fogo, com direito a desabamento do teto e de
dois andares... Já em Belo Horizonte foi o Museu de Ciências Naturais da PUC-MG,
o atingido por um incêndio violento.
O
que indiquei acima foram apenas aqueles incêndios de que me lembrei e que estão
muito longe de constituir uma lista completa. Aos curiosos de maiores detalhes
que confirmem, ou não, a minha tese, a de que existe uma Temporada de Incêndios,
sugiro uma pesquisa nos mecanismos de busca da Internet.
Mas,
não poderia terminar este primeiro Artigo da Nova Fase do Blogue sem falar do
que eu considero um incêndio paradigmático: O Incêndio do Museu Nacional da
Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro – RJ), em 2018. Todos os Cariocas e
Turistas que algum dia tiveram oportunidade de visitar aquele Museu sensacional
não puderam deixar de sentir um profundo pesar por toda aquela destruição, de
experimentar um luto arrasador. No entanto, nada foi apurado, além do
proverbial curto circuito. O estrangeiro que era seu Diretor, nem ao menos teve
a hombridade de renunciar e permanece no
cargo até o momento em que escrevo estas linhas. Pouco antes de assumir a
Presidência, indagado por uma jornalista sobre o incêndio, numa clara
demonstração de desinteresse, respondeu: “O que é que você quer que eu faça? Já
pegou fogo mesmo.” Em 2019, o mesmo indivíduo, quando do incêndio da Notre-Dame,
solidarizou-se com o Povo Francês...
Enquanto
o Brasil tiver Políticos, Empresários e Administradores de tão baixo nível
moral, nós não conseguiremos sair do famoso buraco em que estamos encalacrados
há muito.
Anauê!
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