Creio que, salvo por algum ermitão
sortudo, todos temos acompanhado as manifestações “espontâneas” em diversas
Capitais e grandes Cidades, sem qualquer vínculo com Partidos (não obstante o
tremular de bandeiras do PSOL, PSTU e outros partidos comunistas), por conta do
aumento das passagens dos transportes públicos (ônibus, barcas, trens, metrô),
da corrupção, da defesa da atividade investigativa do Ministério Público, a
favor da legalização do aborto e do casamento “gay”, da descriminalização das
drogas, contra os gastos faraônicos com as Copas e Olimpíadas, etc., etc.,
etc., e que resultaram em violência, depredação de bens públicos e privados,
saques, incêndios, etc.
Não entrarei no mérito da pauta de reivindicações,
algumas justas, outras absurdas, porém, ressalto a completa omissão do Governo
Federal, surpreendido até com simples vaias a Presidente Dilma Rousseff (será que a bobalhona que está Presidente
realmente acreditava nas “pesquisas” que apontavam a sua administração com alto
índice de aprovação popular?), e que se limitou a reconhecer o direito de
manifestação e condenar timidamente os atos de vandalismo. Também o Governo do
Estado do Rio reagiu de forma canhestra, enviando propositadamente uma tropa da
Polícia Militar despreparada para proteger a ALERJ, enquanto conservava
imobilizado o Batalhão de Choque na Praça São Salvador, a dois quarteirões do
Palácio Guanabara, caso os masorqueiros resolvessem sair da Cinelândia e
manobrar até a Sede do Governo Executivo Estadual. Enquanto o sr. Sergio Cabral
ficava tranquilo em seu Palácio, outro Palácio, o Palácio Tiradentes, Sede do
Legislativo Estadual, cercado por uma súcia de subversivos sofria tentativas de
invasão e incêndio, uma e outra combatidas por funcionários públicos, civis e
militares, que cercados pelos insurrectos, foram deixados a própria sorte pelo
corajoso Cabral. O Governador só autorizou a intervenção do Batalhão de Choque
depois que, cansados de arruaça, os desordeiros recolheram-se na mais perfeita
ordem – e “espontaneamente”, é claro – para as suas casas. O Prefeito não
tugiu, nem mugiu, ele prefere se mostrar machão espancando bêbados emrestaurantes luxuosos da Zona Sul...
Bom, a consequência de toda esta
movimentação foi o retorno das passagens ao valor de R$2,75 (na Cidade do Rio
de Janeiro). Sem dúvida, uma grande vitória das lutas coletivas...
Evidentemente, isto não afeta aquilo que dissemos em outro lugar, e certamente
o cartel dos transportes saberá repassar esta perda de receita aos usuários,
direta e indiretamente. Então, se a queda das passagens não afeta em nada a
realidade política, e se neste momento, nos demais itens reivindicados, tudo
permanece como d’antes no quartel de Abrantes, o que pensar de todo este alvoroço?
Este papo de “espontâneo”, sem
interferência partidária, e que se articulou “espontaneamente” através de
contato “espontâneo” de Brasileiros indignados via Facebook e demais redes
sociais é conversa para boi dormir, e só serve para escamotear as massas que
tem acorrido a tais manifestações a realidade, qual seja, a de que estão sendo
manipulados. A maioria dos participantes pensa estar agindo livre e
“espontaneamente”, mas, TUDO, desde o estado de espírito e motivação até a
realização dos atos de protesto está lhes sendo imposto pelos meios de
comunicação (e as redes sociais são meios sofisticadíssimos de controle e
indução da opinião pública, justamente por nos dar a ilusão de sua liberdade e
“espontaneidade”, ou seja, as massas estão sendo conduzidas. Mas, conduzidas
para onde e por quem? Esta pergunta e a endereço aos meus leitores inteligentes
e politizados.
Por ora, arrisco-me apenas a
responder a pergunta que dá título a este Artigo, fazendo minhas as palavras de
um trocista virtual: Não é apenas por R$0,20, é por R$0,40, afinal tem a viagem de volta...
Anauê!