Muitos Amigos e Companheiros têm reclamado que gostariam de conhecer minhas opiniões sobre os assuntos do dia-a-dia, sobre as matérias dos noticiários, etc. Sempre ignorei tais instâncias porque, em primeiro lugar, pouca importância dou ao que a imprensa burguesa veicula, e, segundo, não entendo a relevância da opinião pessoal de um indivíduo que nunca se notabilizou em coisa alguma e que é o famoso “ilustre desconhecido”. Mas, de uns tempos a esta parte, as solicitações estão se tornando mais constantes e algumas até raiando a impertinência, então, resolvi atender ao pedido. Todavia, posso adiantar que, para a decepção geral, minhas opiniões, via de regra, discordam da opinião dominante, são politicamente ultra incorretas e chocarão certamente a sensibilidade burguesa.

domingo, 9 de setembro de 2018

Palpitando sobre a Entrevista do General Mourão à asquerosa GNews.


Sérgio de Vasconcellos

Nesta semana fomos agradavelmente surpreendidos pela “sabatina” do General Mourão à famigerada GNews. Mostrando não corresponder nem um pouco ao estereótipo que as esquerdas apresentam dos Militares em geral e dele em particular, o General Mourão foi, sem exagero, o melhor de todos aqueles Vices entrevistados pelo tendencioso Canal.

Tendo patinado um pouco na resposta a sua infeliz declaração de sabor racista, e que, curiosamente, os esquerdistas, digo, jornalistas sabatinadores, não souberam explorar contra ele – estará blindado pela maçonaria? -, de resto, até mesmo na questão do Coronel Ustra – quando calou a comunista Miriam Leitão -, foi muito bem em todas as respostas, e se mostrou alguém com personalidade própria, com ideias claras e definidas, enfim, bem superior ao titular da chapa...

Todavia, ao ser indagado sobre uma declaração dada em loja maçônica de Brasília, que foi interpretada como uma defesa de um golpe militar, ele afirmou que jamais propusera ou mesmo que fosse partidário de um golpe. Alegou que em caso de uma anarquia generalizada, aí, sim, as FFAA poderiam intervir dentro daquilo que a própria Constituição determinava. No prosseguimento da entrevista, quando os jornalistas insistiram sobre a possibilidade de que o Legislativo fosse uma barreira para a execução do Programa proposto pela dobradinha Bolsonaro/Mourão, e se tal embarreiramento não poderia ser entendida como uma situação de anarquia que poderia justificar que o Presidente da República Jair Bolsonaro convocasse as FFAA, o nosso bom General riu e saiu pela tangente relembrando que D. Pedro I fechara a Constituinte e “outorgara” uma Constituição ao País, mas, que isso era passado, era história e que não se repetiria, não obstante ter um Príncipe da Casa Orléans e Bragança no Partido. Novamente, de forma muito curiosa, os comunistas, digo, os jornalistas largaram para lá o assunto e mudaram de tema... Infelizmente, eu não estava lá, se estivesse o assunto não ia ficar barato para o Mourão.

Fala-se muito que o nosso primeiro Imperador “outorgou” uma Constituição ao Brasil, porém, as coisas não foram bem assim. De fato, ele fechou a Constituinte e nomeou um grupo para redigir uma Constituição, que uma vez elaborada foi remetida para todas as Câmaras Municipais do País, ou seja, houve consulta a mais lídima representação legislativa do Império, e uma vez aprovada pelas Câmaras Municipais de todo o Império, a Constituição de 1824 foi PROMULGADA. Portanto, a analogia do General era e é improcedente. A referência ao Príncipe da Casa dos Orléans e Bragança que faz parte do Partido, totalmente desnecessária, e só pode ser tomada como tendo sido dirigida aos monarquistas, que também votam, e certamente se tornariam simpatizantes de uma Candidatura apoiada por um membro de nossa Família Imperial. Contudo, o Príncipe em questão, D. Luiz Philippe de Orléans e Bragança é um liberal contumaz, anti-monarquista e republicano. E, ao falar em Partido, o nosso General não especificou em que Partido esse Príncipe Real de França (ele está excluído da sucessão ao Trono Imperial do Brasil) está inscrito, pois o Bolsonaro é do PSL e o Mourão do PRTB...

Desde o golpe militar de 15 de Novembro de 1889, o Exército, tendo usurpado o Poder Moderador, não fez outra coisa que intervir na vida Política Nacional. Não vou me estender sobre isso, que já tratei num dos meus Livros. Especificamente sobre outorga de Constituições, o nosso General esqueceu-se do lamentável atentado à Democracia – já na era republicana... –perpetrado pelos Militares. Refiro-me ao Golpe de Getúlio Vargas, em 10 de Novembro de 1937, que implantou o Estado Novo e OUTORGOU, sim, vou repetir, OUTORGOU uma Constituição totalitária ao Brasil, a famosa Polaca, redigida por Francisco Campos. A outorga da Constituição de 1937 foi feita a sombra das baionetas e o nefando totalitarismo varguista perdurou enquanto o Exército assim o quis. A desculpa para a implantação do sinistro Estado Novo foi o sempiterno perigo comunista – espantalho este que é usado até hoje, quando os atuais comunistas são apenas uma caricatura mal feita dos equivocados idealistas de antanho -; e, parece-me evidente que a hipótese de ingovernabilidade por conta da oposição do Legislativo é justificativa mais que óbvia de uma “necessária” intervenção das FFAA, convocadas pelo Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro, com o fechamento do Congresso e eventual Convocação de novas Eleições Legislativas. Tal intervenção impediria que o País caísse na anarquia generalizada, correspondendo assim a “hipótese” do General Mourão.

Já tivemos o Estado Novo e o Estado Novíssimo (designação de Tristão de Athayde para o Regime de 1964). Estaríamos às vésperas do Estado Ultra Novíssimo?