Sérgio de Vasconcellos
Nesta semana
fomos agradavelmente surpreendidos pela “sabatina” do General Mourão à
famigerada GNews. Mostrando não corresponder nem um pouco ao estereótipo que as
esquerdas apresentam dos Militares em geral e dele em particular, o General
Mourão foi, sem exagero, o melhor de todos aqueles Vices entrevistados pelo
tendencioso Canal.
Tendo
patinado um pouco na resposta a sua infeliz declaração de sabor racista, e que,
curiosamente, os esquerdistas, digo, jornalistas sabatinadores, não souberam
explorar contra ele – estará blindado pela maçonaria? -, de resto, até mesmo na
questão do Coronel Ustra – quando calou a comunista Miriam Leitão -, foi muito
bem em todas as respostas, e se mostrou alguém com personalidade própria, com
ideias claras e definidas, enfim, bem superior ao titular da chapa...
Todavia, ao
ser indagado sobre uma declaração dada em loja maçônica de Brasília, que foi
interpretada como uma defesa de um golpe militar, ele afirmou que jamais
propusera ou mesmo que fosse partidário de um golpe. Alegou que em caso de uma
anarquia generalizada, aí, sim, as FFAA poderiam intervir dentro daquilo que a
própria Constituição determinava. No prosseguimento da entrevista, quando os
jornalistas insistiram sobre a possibilidade de que o Legislativo fosse uma
barreira para a execução do Programa proposto pela dobradinha Bolsonaro/Mourão,
e se tal embarreiramento não poderia ser entendida como uma situação de
anarquia que poderia justificar que o Presidente da República Jair Bolsonaro
convocasse as FFAA, o nosso bom General riu e saiu pela tangente relembrando
que D. Pedro I fechara a Constituinte e “outorgara” uma Constituição ao País,
mas, que isso era passado, era história e que não se repetiria, não obstante
ter um Príncipe da Casa Orléans e Bragança no Partido. Novamente, de forma
muito curiosa, os comunistas, digo, os jornalistas largaram para lá o assunto e
mudaram de tema... Infelizmente, eu não estava lá, se estivesse o assunto não
ia ficar barato para o Mourão.
Fala-se muito
que o nosso primeiro Imperador “outorgou” uma Constituição ao Brasil, porém, as
coisas não foram bem assim. De fato, ele fechou a Constituinte e nomeou um
grupo para redigir uma Constituição, que uma vez elaborada foi remetida para
todas as Câmaras Municipais do País, ou seja, houve consulta a mais lídima
representação legislativa do Império, e uma vez aprovada pelas Câmaras
Municipais de todo o Império, a Constituição de 1824 foi PROMULGADA. Portanto,
a analogia do General era e é improcedente. A referência ao Príncipe da Casa
dos Orléans e Bragança que faz parte do Partido, totalmente desnecessária, e só
pode ser tomada como tendo sido dirigida aos monarquistas, que também votam, e
certamente se tornariam simpatizantes de uma Candidatura apoiada por um membro
de nossa Família Imperial. Contudo, o Príncipe em questão, D. Luiz Philippe de
Orléans e Bragança é um liberal contumaz, anti-monarquista e republicano. E, ao
falar em Partido, o nosso General não especificou em que Partido esse Príncipe
Real de França (ele está excluído da sucessão ao Trono Imperial do Brasil) está
inscrito, pois o Bolsonaro é do PSL e o Mourão do PRTB...
Desde o golpe
militar de 15 de Novembro de 1889, o Exército, tendo usurpado o Poder
Moderador, não fez outra coisa que intervir na vida Política Nacional. Não vou
me estender sobre isso, que já tratei num dos meus Livros. Especificamente
sobre outorga de Constituições, o nosso General esqueceu-se do lamentável
atentado à Democracia – já na era republicana... –perpetrado pelos Militares.
Refiro-me ao Golpe de Getúlio Vargas, em 10 de Novembro de 1937, que implantou
o Estado Novo e OUTORGOU, sim, vou repetir, OUTORGOU uma Constituição
totalitária ao Brasil, a famosa Polaca, redigida por Francisco Campos. A
outorga da Constituição de 1937 foi feita a sombra das baionetas e o nefando
totalitarismo varguista perdurou enquanto o Exército assim o quis. A desculpa
para a implantação do sinistro Estado Novo foi o sempiterno perigo comunista –
espantalho este que é usado até hoje, quando os atuais comunistas são apenas
uma caricatura mal feita dos equivocados idealistas de antanho -; e, parece-me
evidente que a hipótese de ingovernabilidade por conta da oposição do
Legislativo é justificativa mais que óbvia de uma “necessária” intervenção das
FFAA, convocadas pelo Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro,
com o fechamento do Congresso e eventual Convocação de novas Eleições
Legislativas. Tal intervenção impediria que o País caísse na anarquia
generalizada, correspondendo assim a “hipótese” do General Mourão.
Já tivemos o
Estado Novo e o Estado Novíssimo (designação de Tristão de Athayde para o
Regime de 1964). Estaríamos às vésperas do Estado Ultra Novíssimo?
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