É de domínio público a péssima
qualidade do transporte coletivo na Cidade do Rio de Janeiro. Acumpliciando-se
com as Empresas de Ônibus, as Autoridades Municipais têm criado supostos
corredores expressos que, com uma fictícia agilização dos percursos, têm justificado a
diminuição dos ônibus circulantes (e, consequentemente, de toda a mão de obra
envolvida); proibiram o chamado transporte alternativo em toda a Zona Sul e
outras medidas que só visam encher os bolsos dos empresários do setor. Para
fingir “transparência” criou-se uma CPI na Câmara dos Vereadores, que não vai
dar em nada, pois, segundo as más línguas, cada Vereador recebe um polpudo
“pró-labore” da Fetranspor.
Mas seria injusto que levantasse
suspeição apenas sobre o Pior Prefeito da História do Rio de Janeiro, o sr.
Eduardo Paes, pois, se é verdade que Sua Excelência é o responsável direto em
relação ao desastroso serviço dos ônibus, já o mesmo não podemos afirmar, por
exemplo, em relação aos trens.
A sistemática destruição de toda a
malha ferroviária brasileira, não começou hoje. Segundo Manoel de Paula Lopes,
em artigo publicado há 20 anos, tal processo iniciou-se no Governo Jânio
Quadros e prosseguiu ininterruptamente.
No que concerne a Cidade Maravilhosa,
a população Carioca tem convivido com um pavoroso transporte ferroviário há
décadas, e não posso assim colocar a culpa no atual Prefeito que, quando muito,
pode ser recriminado por nunca ter tomado qualquer providência para melhorar o
transporte ferroviário de passageiros.
Quando da privatização da Central do
Brasil, os ingênuos acreditaram que tudo mudaria, afinal, a culpa era do
Estado. Com a iniciativa privada os trens seriam maravilhosos. No entanto, o
serviço piorou muito, os atrasos se tornaram institucionais, os defeitos
corriqueiros, os acidentes comuns, a superlotação uma realidade diária,
composições de quatro carros em dias e horários de pico e de oito carros aos
Domingos, enfim, toda uma série de decisões operacionais estúpidas. Os
problemas multiplicam-se dia-a-dia e nem a SuperVia, nem a Secretaria de
Transporte ou qualquer órgão público tomam qualquer providência.
Ora, faço aqui a célebre pergunta: A
quem interessa o crime? Logicamente, àqueles que tiram proveito do mesmo. E
quem são eles? Por certo, não a própria SuperVia. Quem, então? A máfia dos
ônibus!
Um transporte rápido, barato e
eficiente por via ferroviária resultaria num esvaziamento dos ônibus para os
grandes trajetos naquelas regiões e bairros atendidos pela SuperVia. Já um
transporte ferroviário lento, irregular, de atrasos frequentes, sem conforto,
perigoso e ineficiente só pode resultar na fuga dos passageiros para os ônibus,
com incremento do lucro para os empresários do setor, e perda de substancial
receita para a SuperVia.
O surpreendente é que a Odebrecht, a
atual dona da SuperVia, não parece estar suficientemente preocupada com a
situação. Certamente, na massa dos empreendimentos da Odebrecht, a SuperVia
possa parecer insignificante, mas, qualquer empresa numa sociedade capitalista
que não priorize a realização do máximo lucro e deixe “ao Deus dará” a
administração de uma de suas empresas, não sanando os problemas e punindo
exemplarmente as sabotagens internas, não merece a confiança dos seus
Acionistas. E ainda me pergunto: Se os
Executivos da Odebrecht estão se comportando de forma tão irresponsável em
relação à SuperVia, como estarão sendo geridos os demais negócios do Grupo? Se
eu fosse acionista da Odebrecht colocaria minhas barbas de molho.
Anauê!