Muitos Amigos e Companheiros têm reclamado que gostariam de conhecer minhas opiniões sobre os assuntos do dia-a-dia, sobre as matérias dos noticiários, etc. Sempre ignorei tais instâncias porque, em primeiro lugar, pouca importância dou ao que a imprensa burguesa veicula, e, segundo, não entendo a relevância da opinião pessoal de um indivíduo que nunca se notabilizou em coisa alguma e que é o famoso “ilustre desconhecido”. Mas, de uns tempos a esta parte, as solicitações estão se tornando mais constantes e algumas até raiando a impertinência, então, resolvi atender ao pedido. Todavia, posso adiantar que, para a decepção geral, minhas opiniões, via de regra, discordam da opinião dominante, são politicamente ultra incorretas e chocarão certamente a sensibilidade burguesa.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Campo da Fé ou Campo da má fé?

Apesar de todos os esforços da grande imprensa em escamotear os abusos em torno do chamado “Campo da Fé” ficou claro aos mais perspicazes que, desde o início sabia-se que o mesmo era de uso impraticável para o propósito colimado: Reunir não menos de dois milhões de Pessoas.

Não estou me referindo apenas ao atentado ecológico cometido, mas, também a escolha do terreno em si, que, por coincidência, pertence ao famigerado Jacob Barata, o tubarão dos meios de transporte no Rio de Janeiro. Com tantos terrenos extensos disponíveis na Zona Oeste optaram logo pelo Campo de Jacob? A Igreja pagou regiamente pelas benfeitorias lá realizadas, e o sr. Barata, como “bom Católico” fez secção gratuita do terreno para as Jornadas Mundiais da Juventude – J.M.J.

Qualquer um que more no Rio de Janeiro e não tivesse interesses monetários vinculados à festividade, nem estivesse com o raciocínio embotado pelo evento religioso sabia perfeitamente que o local escolhido era inapropriado, principalmente porque a meteorologia prognosticava o mais frio inverno dos últimos 25 anos, com chuvas copiosas, o que tornaria necessariamente o Campo da Fé um vasto lamaçal, um atoleiro. O Prefeito não sabia disso? O Cardeal não estava informado? Os empreiteiros ignoravam o fato? O Governador não sabia? O tal General encarregado da segurança? E o sr. Barata? No entanto, muito dinheiro trocou de mãos.

Então, depois que o Prefeito fez e pagou uma Promessa a Santa Clara, mandando entregar uma dúzia de ovos no Convento das Clarissas, raiou o Sol e a Solenidade principal das J.M.J. – a Missa Campal – realizou-se nas mornas areias da Praia de Copacabana para a alegria geral de três milhões e meio de Fiéis Católicos, que não tiveram mais que deslocar-se para os cafundós de Guaratiba, e com ganho financeiro para muitos empresários.

Se o Catolicismo no Brasil obteve alguma vantagem com a J.M.J, não sei. Mas, certamente, o sr. Jacob Barata lucrou imensamente: Dono de um vasto elefante branco, um loteamento que não se realizou, e cujo aproveitamento ficou tremendamente dificultado com as legislações ambientalistas, a escolha de seu terreno caiu do Céu – ou caiu da São Clemente? -, pois, passando por cima de posturas e licenças ambientais, a Arquidiocese do Rio de Janeiro “urbanizou” para o sr. Jacob aquela sua propriedade. Se ficasse por aí, já estava de bom tamanho. Mas, abençoado pelo sr. Eduardo Paes, o terreno do sr. Barata será desapropriado, por via judicial – o Prefeito deseja que a avaliação do “Campus Fidei” seja de responsabilidade de peritos indicados pelo Poder Judiciário certamente para que não paire dúvida sobre a lisura na desapropriação... -, ficando o empresário finalmente livre daquele abacaxi imobiliário, com grande lucro, não importando quão baixo seja o valor da desapropriação, pois o adquiriu na bacia das almas e também porque não se sentia encorajado a fazer as obras de infraestrutura necessárias para levar avante o loteamento, uma vez que as licenças do famigerado INEA - comandado pelo “honesto” Carlos Mink -, seriam contestadas tão logo iniciasse qualquer obra por lá.

De todo o espetáculo que foi a JMJ ficou claro que:
2º) que o sr. Eduardo Paes continua sendo o Menino de Ouro da Fetranspor;
3º) e não menos importante, o Sr. Jacob Barata é o verdadeiro Padrinho Político do sr. Eduardo Paes. E, como diz o nosso Povo sempre tão Sábio: Quem tem padrinho, não morre pagão!

Enfim, cabe ao meu Leitor responder se o mar de lama do Campo da Fé deixado como única herança aos Cariocas resultou em Fé de mais ou Fé de menos.


Anauê!

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