Apesar de todos os esforços da grande
imprensa em escamotear os abusos em torno do chamado “Campo da Fé” ficou claro
aos mais perspicazes que, desde o início sabia-se que o mesmo era de uso impraticável
para o propósito colimado: Reunir não menos de dois milhões de Pessoas.
Não estou me referindo apenas ao
atentado ecológico cometido, mas, também a escolha do terreno em si, que, por
coincidência, pertence ao famigerado Jacob
Barata, o tubarão dos meios de transporte no Rio de Janeiro. Com tantos
terrenos extensos disponíveis na Zona Oeste optaram logo pelo Campo de Jacob? A
Igreja pagou regiamente pelas benfeitorias lá realizadas, e o sr. Barata, como
“bom Católico” fez secção gratuita do terreno para as Jornadas Mundiais da
Juventude – J.M.J.
Qualquer um que more no Rio de
Janeiro e não tivesse interesses monetários vinculados à festividade, nem
estivesse com o raciocínio embotado pelo evento religioso sabia perfeitamente
que o local escolhido era inapropriado, principalmente porque a meteorologia prognosticava
o mais frio inverno dos últimos 25 anos, com chuvas copiosas, o que tornaria
necessariamente o Campo da Fé um vasto lamaçal, um atoleiro. O Prefeito não
sabia disso? O Cardeal não estava informado? Os empreiteiros ignoravam o fato?
O Governador não sabia? O tal General encarregado da segurança? E o sr. Barata?
No entanto, muito dinheiro trocou de mãos.
Então, depois que o Prefeito fez e
pagou uma Promessa a Santa Clara, mandando entregar uma dúzia de ovos no
Convento das Clarissas, raiou o Sol e a Solenidade principal das J.M.J. – a
Missa Campal – realizou-se nas mornas areias da Praia de Copacabana para a
alegria geral de três milhões e meio de Fiéis Católicos, que não tiveram mais
que deslocar-se para os cafundós de Guaratiba, e com ganho financeiro para
muitos empresários.
Se o Catolicismo no Brasil obteve
alguma vantagem com a J.M.J, não sei. Mas, certamente, o sr. Jacob Barata lucrou imensamente: Dono de
um vasto elefante branco, um loteamento que não se realizou, e cujo
aproveitamento ficou tremendamente dificultado com as legislações
ambientalistas, a escolha de seu terreno caiu do Céu – ou caiu da São Clemente? -, pois, passando por cima
de posturas e licenças ambientais, a Arquidiocese do Rio de Janeiro “urbanizou”
para o sr. Jacob aquela sua
propriedade. Se ficasse por aí, já estava de bom tamanho. Mas, abençoado pelo
sr. Eduardo Paes, o terreno do sr. Barata será desapropriado, por via judicial
– o Prefeito deseja que a avaliação do “Campus Fidei” seja de responsabilidade
de peritos indicados pelo Poder Judiciário certamente para que não paire dúvida
sobre a lisura na desapropriação... -, ficando o empresário finalmente livre
daquele abacaxi imobiliário, com grande lucro, não importando quão baixo seja o
valor da desapropriação, pois o adquiriu na bacia das almas e também porque não
se sentia encorajado a fazer as obras de infraestrutura necessárias para levar
avante o loteamento, uma vez que as licenças do famigerado INEA - comandado
pelo “honesto” Carlos Mink -, seriam contestadas tão logo iniciasse qualquer
obra por lá.
De todo o espetáculo que foi a JMJ
ficou claro que:
1º) O sr. Eduardo Paes é o pior Prefeito da História do Rio de Janeiro;
2º) que o sr. Eduardo Paes continua
sendo o Menino de Ouro da Fetranspor;
3º) e não menos importante, o Sr. Jacob Barata é o verdadeiro Padrinho
Político do sr. Eduardo Paes. E, como diz o nosso Povo sempre tão Sábio: Quem
tem padrinho, não morre pagão!
Enfim, cabe ao meu Leitor responder
se o mar de lama do Campo da Fé deixado como única herança aos Cariocas
resultou em Fé de mais ou Fé de menos.
Anauê!
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